Caro António Campos, fala-lhe alguém que saiu das prisões salazaristas em Abril de 74 (onde estava pela segunda vez) e que, a si, só deve respeito. Mas as suas palavras, sem que nenhuma delas tenha sido dirigida ao Partido Socialista de que V. foi fundador e dirigente, parecem-me escassas e inconsequentes. Para quem ama a liberdade, como V., não é só «a opressão ditatorial fascista» que é um inimigo. É este regime clientelar, falso e deprimente, que o PS, mancomunado com o PSD, estabeleceu em Portugal, em nome da democracia. Neste sentido, os neofascistas não conquistaram nada. Foram-lhes oferecidas de bandeja a notoriedade e a base eleitoral. Promessas constantemente degradadas e incumpridas, governações perniciosas, disputa do poder pelo poder, sistemático favorecimento dos mais ricos e poderosos, corrupção, corrupção... de tudo se teve, e muito, nestes 50 anos. Uma crítica e um activismo democrático terão de considerar estes dois inimigos. Sem uma crítica e uma prática à conduta política dominante nestes 50 anos, é impossível combater o neofascismo. É necessário que nasça uma grande e credível corrente, inclusive dentro do PS e mesmo do PSD, neste sentido. Existirá ela, nos anos próximos? É esta a questão. Um forte abraço. Carlos Oliveira Santos.
Caro António Campos, fala-lhe alguém que saiu das prisões salazaristas em Abril de 74 (onde estava pela segunda vez) e que, a si, só deve respeito. Mas as suas palavras, sem que nenhuma delas tenha sido dirigida ao Partido Socialista de que V. foi fundador e dirigente, parecem-me escassas e inconsequentes. Para quem ama a liberdade, como V., não é só «a opressão ditatorial fascista» que é um inimigo. É este regime clientelar, falso e deprimente, que o PS, mancomunado com o PSD, estabeleceu em Portugal, em nome da democracia. Neste sentido, os neofascistas não conquistaram nada. Foram-lhes oferecidas de bandeja a notoriedade e a base eleitoral. Promessas constantemente degradadas e incumpridas, governações perniciosas, disputa do poder pelo poder, sistemático favorecimento dos mais ricos e poderosos, corrupção, corrupção... de tudo se teve, e muito, nestes 50 anos. Uma crítica e um activismo democrático terão de considerar estes dois inimigos. Sem uma crítica e uma prática à conduta política dominante nestes 50 anos, é impossível combater o neofascismo. É necessário que nasça uma grande e credível corrente, inclusive dentro do PS e mesmo do PSD, neste sentido. Existirá ela, nos anos próximos? É esta a questão. Um forte abraço. Carlos Oliveira Santos.