Quem se rearma de forma insana, corta nas prestações sociais
Oskar Lafontaine
As urnas mal se fecharam e já se tornaram evidentes as quebras de promessas eleitorais, seguindo o padrão habitual. Ainda se lembram da promessa da CDU/CSU de não flexibilizar o travão da dívida? Ou da promessa do SPD de aumentar o salário mínimo para 15 euros/hora e introduzir um tecto para os arrendamentos, entre outras medidas?
Agora, planeiam gastar 400 mil milhões de euros em rearmamento, e a infame política da CDU e actual presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, exige que os países da UE acrescentem mais 800 mil milhões de euros a essa conta. Não se pode esperar que os Verdes, o FDP ou A Esquerda ofereçam resistência ao rumo de rearmamento da CDU/CSU e do SPD. O que é certo, porém, é que virão a seguir cortes significativos nas prestações sociais. Os suspeitos do costume já exigem “reformas”, o que nada mais significa do que que uma grande parte da população será afectada por cortes sociais.
Neste momento, já se torna evidente que o BSW (Bündnis Sahra Wagenknecht) é o único partido verdadeiramente comprometido com a paz e o desarmamento na Alemanha. Esta posição foi reforçada pelo eurodeputado Fabio De Masi no seu discurso de Quarta-feira de Cinzas em Passau.
Dado que já foram identificados vários erros na contagem dos votos, o BSW exige uma recontagem. O jurista constitucionalista Prof. Dr. Christoph Degenhardt resumiu a necessidade desta medida: "O resultado eleitoral extremamente renhido em prejuízo do BSW torna imperativa uma revisão abrangente do processo eleitoral antes da determinação do resultado oficial. (…) Deve ser descartada qualquer possibilidade de que o resultado tenha sido distorcido por erros de contagem, de transmissão de votos ou por outras irregularidades. Há uma série de indícios que sugerem que tal pode ter ocorrido nestas eleições, e que o BSW pode, afinal, não ter ficado abaixo da barreira dos 5%. (…) No interesse da segurança jurídica, é essencial que se realizem verificações e recontagens antes da oficialização do resultado."
O Tribunal Constitucional Federal sublinha: "Essas verificações devem ser tanto mais extensas quanto mais renhido for o resultado eleitoral."
Oskar Lafontaine
Ex-líder do SPD e co-fundador do partido A Esquerda (Die Linke), conhecido pela sua oposição às políticas neoliberais e ao militarismo europeu.