Vivo num País que hoje tem tudo para ombrear com os mais evoluídos do Mundo.
Em 50 anos passámos de um país de pé descalço e de 13 anos de uma guerra historicamente despropositada e injusta para um país dos maiores exportadores de jovens quadros altamente qualificados.
A mentalidade retrógrada política reinante e colectiva não acompanhou a enorme e invejável mudança sociológica de modo a integrar estes jovens numa estratégia política de modernização do desenvolvimento nacional, para resolver os baixíssimos salários.
A esquerda democrática foi historicamente sempre o motor do progresso económico e social dos povos.
Um pequeno país que se dá ao luxo de ter 70 por cento do seu território em desertificação aceleradíssima que representa já menos de 30 por cento do PIB nacional e discute o imposto do IRC para beneficiar as grandes empresas localizadas em menos de 30 por cento do território, onde as barracas crescem como cogumelos é um país adiado politicamente, onde há uma parte com 730.000 casas desabitadas e acabar com a discussão populista da falta de habitação em Portugal.
Era politicamente correcto decretar os famosos 15 por cento do IRC para estas regiões, era uma decisão acertada económica, social e ambiental com elevados benefícios orçamentais.
Um sistema de justiça do Ministério Público que por um lado escuta um político 4 anos, que por um parágrafo, há mais de um ano, investiga outro, mas que ambos nem têm acusações formadas e por outro lado há um político que em 15 dias vê os seus processos arquivados, qualquer cidadão compreende o sectarismo político que o orienta.
O mesmo já está a acontecer com o actual Secretário Geral do meu Partido, para aprender que o silêncio é um crime contra a Democracia responsável e transparente.
Podia continuar os silêncios que incomodam a minha solidão privilegiada de conhecer, discutir e pensar o meu País há muitíssimo mais de meio século.
Há uma mentalidade incapaz de acompanhar o privilégio único dos 50 anos de Liberdade, preferindo apagar a história dos 48 anos da ditadura assassina fascista.
António Campos
Fundador e militante nº 1 do Partido Socialista, colaborador ocasional da extinta edição impressa da revista Libertária.
Não conheço o António Campos, muito pelo meu desinteresse na política durante os meus anos de estudante... este texto toca-me porque nem um ano depois de terminar o meu curso, abandonei o SNS e deixei a minha vaga de especialidade para o próximo. Hoje estou há 13 anos fora do meu país ( um enorme obrigadinha ao passos...) e com um fel imenso dentro de mim cada vez que vejo um ou outro influencer americano a viver na minha terra... enquanto nós jovens a caminhar para velhos para termos uma vida melhor deixamos tudo para trás...
Tenho um enorme desdém pela classe política portuguesa principalmente pelo centrão... obrigada por nos ver António!