O maior problema que temos são os baixos salários. Os baixos salários só são combatidos com uma política pública ligada exclusivamente à modernização do nosso sector produtivo nacional.
Orçamento, fundos comunitários, banca pública, entidades públicas de ensino superior, centros de investigação, etc., devem ser envolvidos nesse projecto de modernização do sector produtivo, de modo à economia nacional poder pagar salários decentes e reter no País os melhores.
No dia 25 de Abril, recebemos um país de pé descalço com mais de 30 por cento de analfabetos onde os cidadãos emigravam para não morrerem de fome ou para fugirem da guerra.
Hoje, passado meio século, exportamos para todo o mundo desenvolvido anualmente mais de 30 por cento dos jovens altamente qualificados, saídos das nossas instituições de ensino superior, a grande maioria à procura de salários decentes compatíveis com as suas elevadas qualificações profissionais.
Há uma incompetência da classe política e da mentalidade nacional em não ter sido capaz de acompanhar esta enorme revolução educacional feita neste meio século e integrar estes jovens no desenvolvimento do País.
São 123 instituições de ensino superior e mais de 300 centros de investigação e dois bancos públicos sem estarem integrados em qualquer projecto nacional de modernização do nosso desenvolvimento
A minha geração política está de consciência tranquila quanto ao enorme esforço político feito neste sector.
Sem um projecto nacional de modernização do sector produtivo, baseado no conhecimento e nas novas tecnologias não haverá nunca salários decentes.
A grande dificuldade da mentalidade é como deixar a tradicional e histórica cultura da lamúria e do deixa andar com falsos slogans políticos e passar a pensar e a resolver com determinação os principais problemas nacionais.
Hoje temos tudo, como nunca tivemos na nossa já longa história, falta-nos somente a ambição e a mentalidade política e colectiva.
Este laxismo político intolerável de silenciar e não aproveitar e dinamizar a enorme revolução do conhecimento a nível nacional no pós 25 de Abril é o que alimenta uma extrema direita saudosa da ditadura fascista e revolta muitos jovens.
Foi uma das muitas batalhas perdidas dentro do meu Partido nos últimos 9 anos ,com os resultados conhecidos.
António Campos
Fundador e militante nº 1 do Partido Socialista, colaborador ocasional da extinta edição impressa da revista Libertária.